O engenheiro Iran Pires Aguiar será o novo gestor das finanças da Saúde no governo de Wilson Witzel. Funcionário de carreira do BNDES, ele estava cedido desde outubro do ano passado para a Cedae, onde tinha um cargo de assessor-chefe. A estatal, que passou por uma crise no abastecimento de água no início do ano, é tida como um feudo do cacique do PSC, Pastor Everaldo.
Além da passagem mais recente pela Cedae, onde tinha salário de R$ 18 mil, Iran Pires Aguiar também esteve na Secretaria de Ciência e Tecnologia durante a atual gestão. Ele exerceu o cargo de assessor especial do gabinete do secretário Leonardo Rodrigues, que é segundo suplente do senador Flávio Bolsonaro.
O engenheiro assumirá a Subsecretaria Executiva de Saúde, que era ocupada por Gabriell Neves, cuja exoneração foi publicada em edição extra do Diário Oficial nesta segunda (20). Apesar de todas as denúncias envolvendo contratos emergenciais assinados durante a pandemia do coronavírus, Gabriell, funcionário comissionado, havia sido inicialmente apenas afastado temporariamente do cargo.
O processo relativo à exoneração de Gabriell foi colocado como restrito no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), sob a alegação de dados pessoais.
Um mês como youtuber
Iran Pires Aguiar criou recentemente um canal no YouTube, chamado Central do Desenvolvimento. Há apenas cinco vídeos disponíveis, em que ele trata de temas como gestão durante a crise da Covid-19, um projeto de lei que trata de saneamento básico e a “necessidade de mudança de mindset da condução da economia brasileira”.
Em sua página no Facebook, Iran traz fotos ao lado do governador Wilson Witzel durante a campanha de 2018. Na semana passada, ele também divulgou um vídeo convocando para uma videoconferência com Rubens Teixeira, que já foi secretário municipal de Transportes e presidente da Comlurb, durante a gestão de Marcelo Crivella.
Rubens Teixeira se anuncia pré-candidato nas eleições municipais e tem publicado diversos vídeos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, atual desafeto do governador Wilson Witzel.
Investigações em andamento
O novo subsecretário executivo de Saúde terá a missão de dar rumo aos contratos realizados durante a pandemia. Nesta segunda, o blog mostrou, por exemplo, que um contrato para a aquisição de um antibiótico teve um sobrepreço de R$ 9 milhões numa comparação com um valor orçado pela Fundação Saúde, entidade que pertence ao próprio governo estadual.
O Ministério Público Estadual já abriu dois inquéritos com base em reportagens do blog para apurar contratos assinados pelo subsecretário executivo afastado, Gabriell Neves. Também há uma força-tarefa do MP dedicada à análise dos gastos realizados durante a pandemia.
Nesta sexta (17), o TCE também determinou ao secretário de Saúde, Edmar Santos, que promova modificações no contrato assinado com a OS Iabas para a implementação de hospitais de campanha. O tribunal quer que sejam incluídos detalhes sobre a quantidade de profissionais de Saúde que serão contratados, além de serviços terceirizados e insumos.
O contrato com a OS Iabas passa de R$ 835 milhões por seis meses. A entidade foi chamada sem qualquer processo de seleção público.
Além da fiscalização externa, a Secretaria de Saúde abriu auditoria permanente nos contratos da pasta assinados durante a pandemia.
*Foto em destaque: Wilson Witzel com o novo subsecretário executivo de Saúde, Iran Pires Aguiar / Reprodução / Facebook