A reflexão que se segue vai para a seção de mensagens ao estagiário, afinal, sejamos novos ou velhos, todos nós jornalistas carregamos um pouco de estagiário. Dito isso, sigamos.
Lá se vão pouco mais de dois meses depois que saí (ok, fui saído, ninguém está aqui para esconder nada) da redação de um grande jornal. A pergunta que pode ser feita (e que nunca deixei de ouvir nesses 17 anos de carreira): o jornalismo acabou?
Do ponto de vista pessoal, desse que vos fala continuar a exercer a profissão, adianto que é claro que não. Mas voltarei ao assunto em outros momentos, quero me dedicar nesse texto apenas ao Ruben Berta leitor, ao consumidor, não ao produtor de jornalismo.
Então, também sob esse olhar, o jornalismo não acabou. Mais do que nunca, porém, ele aparece para mim de outra forma. Não estou aqui para ser oráculo, pode ser uma experiência puramente pessoal, mas não descarto que isso aconteça com muitos.
Estando fora de uma redação de jornal, há uma clara sensação de liberdade para o meu lado leitor. Não preciso mais ler jornal da forma que ele se apresenta porque aquilo representa estar bem informado. O alto, o colunão, a tripa são jargões que viraram coisa do passado, distante, sem nenhuma utilidade.
Falando da realidade que me era mais próxima, posso dizer que meu eu-leitor não pega num jornal, daqueles de banca, faz algum tempo. Coincidentemente ou não, o jornalismo que leio é muito mais o de pessoas do que o do veículo.
Não leio o Globo. Leio o Caio Barreto Briso, a Carolina Oliveira Castro, o Chico Otávio, o Luiz Ernesto Magalhães, a Vera Araújo… Para não dizerem que só falo de quem conheço, quase não ouço a CBN, mas, por exemplo, volta e meia me vejo lendo matérias do Leandro Resende, com quem só tive recente contato virtual.
E isso não ocorre de forma proposital: sem saber quem são os autores das reportagens, presto atenção quase sempre em matérias de determinadas pessoas. Pode ser só uma questão de gosto, de assuntos preferidos, mas sinto que o bom jornalismo me atrai.
Por fim, é só ressaltar que essa é uma análise bastante pessoal e bem focada na minha relação como consumidor da velha Grande Imprensa. Indo além, é ótimo poder clicar numa matéria da Pública que te chamou muito a atenção e ver que ela é assinada, por exemplo, pelo Rogério Daflon.
É um grande desafio, mas tomara que haja cada vez mais veículos, de qualquer tamanho, para que eu possa continuar lendo o jornalismo que me interessa. O jornalismo de pessoas.