A partir do ano em que Paes se reelegeu, prefeitura pagou R$ 21,6 milhões para a Infoglobo

Vivemos um momento de transição na prefeitura e, diante disso, resolvi ir atrás de alguns dados no post que segue sobre a empresa onde passei 17 anos. Nada pessoal. Mesmo. Mas são números importantes e que, somente com jornalismo independente, a gente fica tranquilo para expor. Não vou entrar no mérito de linha editorial. Mas é possível ter uma ideia de uma certa dependência de caminhos empresariais, além da relação direta com a reportagem, para a geração de recursos. São dados interessantes também porque estamos falando de verbas públicas. Sem me alongar, sigamos.

Pois bem, um levantamento no site Rio Transparente, da prefeitura do Rio, mostra que, entre 2012 – ano em que Eduardo Paes foi reeleito – e 2016, o município pagou R$ 21,6 milhões à empresa Infoglobo, que é a responsável pelo maior jornal da cidade, O Globo. Neste levantamento, nem levo em conta os gastos com a publicidade nas publicações em si. Basicamente, são parcerias feitas com órgãos do Município como a RioTur e a Riocentro S.A. Houve também volume considerável no início para a Secretaria municipal de Educação.

Entre 2008 – último ano da gestão anterior – e 2011, foram registrados apenas pequenos gastos. O maior deles, de cerca de R$ 45 mil, ocorreu em 2010. A virada ocorre no ano de 2012, da reeleição de Paes: foram pagos à Infoglobo R$ 2,4 milhões. O órgão que mais gastou com a empresa foi a Secretaria municipal de Educação: R$ 1,56 milhão.

Após uma leve queda em 2013 (R$ 1,77 milhão), a Infoglobo retomou uma escalada de ganhos com a prefeitura que chegou ao seu auge em 2016, ano em que o candidato de Paes, o deputado Pedro Paulo, não conseguiu sequer chegar ao segundo turno. Vamos aos números:

  • 2014: R$ 3,54 milhões
  • 2015: R$ 5,26 milhões
  • 2016: R$ 8,67 milhões

Infelizmente, o nível de transparência do site que divulga os gastos da prefeitura não anda lá essas coisas. Não é possível ter um bom detalhamento do motivo para tais gastos. Mas uma busca em Diários Oficiais mostra que basicamente a Infoglobo aumentou seus ganhos com a prefeitura com a realização de eventos sem licitação.

Só para exemplificar. No ano passado, em 3 de novembro, a RioTur publicou a liberação de R$ 3,2 milhões para a Infoglobo a título de patrocínio do evento Rio Gastronomia, evento de comidas bacaninhas e afins. Para não haver licitação, foi alegada inexigibilidade. Basicamente, é porque como só aquela empresa faz aquele evento, ela está apta para receber o dinheiro.

Também em 2016, no dia 16 de novembro, foi publicado um extrato de contrato entre a Infoglobo e o Riocentro S.A: R$ 1,9 milhão, também sem licitação, para o patrocínio do evento antenado Wired Festival.

Ainda no ano passado, a prefeitura deu R$ 2 milhões para a Infoglobo realizar o evento de moda Veste Rio, que já vem sendo anunciado nas publicações da empresa em sua edição 2017. A prestação de contas do patrocínio de 2016 foi devidamente aprovada no dia 22 de setembro. A publicação foi feita pela Rio Eventos, subordinada ao gabinete do prefeito.

Com a mudança de gestão, não há registro de qualquer pagamento direto para a Infoglobo em 2017 que tenha sido registrado no site que torna públicos os gastos da prefeitura. Lembremos, como exemplo, que o Veste Rio, patrocinado no ano passado pelo Executivo municipal, já está sendo anunciado. Porém, vem basicamente com os apoios fortes da Fecomércio – presidida por Orlando Diniz e parceira constante da Infoglobo – e da Firjan.

Vamos acompanhar como serão as parcerias entre Crivella e Infoglobo nos próximos quatro anos.

Um comentário

  1. Não tinha essas informações..
    É impressionante como as coisas acontecem “por baixo dos panos”
    Eles decidem..eles fazem..eles roubam..
    E nós continuamos trabalhando e pagando nossos impostos em dia.
    Então somos os otários que colaboramos pra fortalecer o ego desses corruptos.
    A palavra chave é transparência.
    Aí Crivela, chupa essa!!

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