Tio de presidente interina do TCE era de gabinete de conselheiro preso

Presidente interina do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), após seus outros seis colegas de função serem afastados graças a acusações de corrupção, a conselheira Marianna Montebello Willeman tinha até bem pouco tempo atrás um parente bastante próximo com um bom cargo comissionado no órgão.

O advogado Cid Vianna Benjamin, tio de Marianna, era, até o dia 25 de abril passado, assessor no gabinete do conselheiro Domingos Brazão. Nesta data, Cid pediu para ser exonerado do cargo. Seu salário, na folha de pagamento de março, por exemplo, havia sido R$ 13,4 mil brutos.

Brazão foi preso no dia 29 de março durante a Operação Quinto do Ouro, que apura um esquema de repasse de propina de empreiteiras a conselheiros. Com ele, também foram para a cadeia outros quatro colegas: Aloysio Neves, José Gomes Graciosa, Marco Antônio Alencar e José Maurício Nolasco. Jonas Lopes de Carvalho, que delatou o suposto esquema de propina no tribunal, já havia se licenciado da Corte no ano passado.

No dia 7 de abril, os cinco conselheiros presos foram soltos, mas continuam afastados do TCE-RJ. Com isso, o tribunal funciona com auditores substitutos, sob a presidência de Marianna, que originalmente é corregedora do órgão.

O blog perguntou à assessoria de imprensa de Marianna se o emprego comissionado do tio na Corte não poderia ser caracterizado como nepotismo. Como resposta, foi enviado um histórico dizendo que Cid Vianna Benjamin ingressou no TCE-RJ em 31 de janeiro de 2008. A conselheira, por sua vez, só assumiu o cargo no tribunal em meados de 2015.

Ok, mas Cid não é só tio de Marianna. Ele é também irmão do presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio (TCM-RJ), Thiers Montebello. Então segue a história.

Um levantamento feito pelo blog em diários oficiais revela que, até o dia 30 de julho de 2008, quando pediu exoneração, Cid Vianna tinha um cargo de assessor-chefe no TCM, órgão que já naquela época era comandado pelo irmão. Em agosto daquele ano, uma súmula do STF barrou o nepotismo.

Ou seja, fica a dúvida: será que o advogado tinha, ao mesmo tempo, cargos no TCE e no TCM entre janeiro e julho de 2008? Mistério.

A assessoria de Thiers Montebello informou que “ele não teve nenhuma influência na ida do dr. Cid Montebello para o TCE”.

A nota diz ainda que “o dr. Cid esta lá (no TCE) há cerca de nove anos, é um advogado com 48 anos de formado e sempre muito atuante. Antes de ir para o TCE, foi chefe do Departamento Jurídico da Eletrobras por muitos anos. Ele foi para o tribunal então a convite do conselheiro Aluísio Gama”.

A assessoria de Thiers também disse que “com a assunção da conselheira Marianna à presidência interina do TCE,  Dr. Cid,  para não causar desconforto à sobrinha, achou por bem, espontaneamente e também sem a influência do Dr. Thiers, pedir a exoneração do cargo”.
Então, é vida que segue.

Deixe uma resposta