Firma ligada a empresário preso renova contratos com creches da prefeitura

Como o assunto creches – importantíssimo, por sinal – deve se manter na pauta da cidade, vamos de novo ao tema. Enquanto anuncia que deve reduzir pela metade as verbas para as escolas de samba para que o dinheiro vá para entidades conveniadas que atendem a crianças no Rio, o prefeito Marcelo Crivella poderia também dar uma boa olhada nas empresas que fornecem serviços para as unidades próprias de ensino infantil do município.

No dia 1º de junho, como meus dois leitores devem ter visto, a Justiça Federal do Rio determinou a prisão do empresário Marco Antonio de Luca, uma espécie de barão da alimentação e afins para o setor público no estado.  A acusação do Ministério Público Federal é de suposto repasse de propina de mais de R$ 12,5 milhões à organização criminosa liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral. O dinheiro teria sido uma compensação por vultuosos contratos com o governo estadual.

Pois bem, uma das empresas citadas no pedido de prisão preventiva do MPF, acatado pela Justiça, é a Masan Serviços Especializados. Além dos contratos com o governo estadual, a firma é uma fornecedora de longa data da prefeitura do Rio.

Ainda que não haja qualquer suspeita em relação à atuação da empresa no município, após o pedido de prisão talvez fosse a hora de se acender um sinal de alerta. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário.

Um levantamento feito pelo blog em diários oficiais mostra que de 1º de junho – dia da prisão de Marco de Luca – para cá, a prefeitura renovou automaticamente quatro contratos com a Masan para serviços de apoio em creches de quatro Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). O valor total soma pouco mais de R$ 3,6 milhões.

Para fechar, dois esclarecimentos.

Em primeiro lugar, é bom deixar claro que os contratos foram assinados na gestão de Eduardo Paes. Mas, na humilde opinião do blog, após a prisão de um empresário ligado à Masan, talvez fosse de melhor tom auditar contratos em vez de renová-los automaticamente. O blog entende que não é fácil quebrar com anos e anos das mesmas empresas tomando conta da merenda escolar e serviços afins. Mas, para cuidar bem das pessoas, é preciso enfrentar alguns percalços, certo?

E, por fim, desde que foi divulgada a prisão de Marco de Luca, a Masan vem oficialmente alegando que o empresário não é mais sócio da firma desde 2015. Isso realmente é verdade. Mas, para o MPF, conforme trecho do pedido de prisão que reproduzo, “Marco de Luca tem tentado pouco a pouco ‘apagar’ suas relações com as empresas citadas, em nítida demonstração de tentativa de ocultação de provas e alteração do contexto fático criminoso”.

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