No Dia do Repórter, a mensagem ao estagiário

O foco desse humilde blog não é falar de jornalismo. É poder exercer um pouco o prazer de passar notícias, apuradas pelo autor, com liberdade de texto. Provavelmente, ele será temporário. O que me importa, no momento, é que me dá prazer. E, me desculpem a ousadia: prazer é fundamental.

Mas, passada a introdução, é claro que gera uma curiosidade grande saber o que alguém que até outro dia completara 17 anos em um veículo da Grande Imprensa pode dizer agora, assistindo a tudo do lado de fora. Então, resolvi usar o Dia do Repórter (uma babaquice que deve ter sido criada por um político que não tinha mais o que fazer) para criar uma seção que falará um pouco sobre jornalismo: “mensagem ao estagiário”.

Nessa primeira mensagem, queria deixar claro que não dá para cairmos naquilo que um querido ex-editor (não digo que é o Gilberto Scofield) define como “mágoa de cabocla”. A Grande Imprensa me formou, ela ainda é a referência em jornalismo e possui excelentes profissionais.

Mas, como nossa mensagem é voltada para o estagiário, aproveito para dar um conselho de um bem-sucedido desempregado. Menino, nunca deixe de ser repórter.

Por pura incompetência mesmo, admito, construí minha carreira atrelada a esse ser. Repórter de cidade, repórter de nacional, repórter especial (ou portador de necessidades especiais, sendo mais politicamente correto). Os seres chefe, editor, editor-chefe nunca me atraíram muito. Não tinha tanta vontade assim – nem talento, repito – de ser um deles, para ficar mais claro.

Os melhores editores que tive (com sorte, você irá conviver com eles, menino estagiário) com certeza foram grandes repórteres. Com a habilidade de ser editores. Seres mais completos do que esse que vos fala.

Menino, longe de mim querer te convencer de alguma coisa, mas faça um favor a você mesmo: cole nos grandes repórteres e nos grandes editores-repórteres. Você vai longe. E o meu conceito de ir longe é simples: você será uma pessoa melhor.

Já que estou falando contigo, menino, tomo a liberdade de dizer que essas pessoas é que salvam o que chamamos de jornalismo. Esses caras te ouvem. Mostram o caminho, mas sabem que você precisa ter voz. Você está botando a cara, você é quem está na linha de frente.

Menino, fuja daquele que te traz as pautas do seu pequeno cotidiano pessoal; de quem ouviu a empregada dizer uma coisa impressionante; de quem precisa ter ideias para manter o seu ego em dia. Possivelmente, ele nunca chegará perto de você. Mas, ao sentir um sinal , fuja.

Então, garoto, vou te liberar porque, com certeza, você tem mais o que fazer. Mas, se você quiser guardar, pode levar os conselhos que dei. Talvez, numa definição melhor, são recomendações. Ou, abreviando, “recos”. Ops, ao sentir um sinal, fuja!

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