Delator: PPP do Parque Olímpico foi sugestão da Odebrecht a Paes

O mundo das delações da Odebrecht é vasto, mas os personagens que estão mais próximos da nossa cidade, do nosso estado, naturalmente me chamam mais a atenção. Dito isso, fui ver um pouco sobre o que pesa em relação ao ex-prefeito Eduardo Paes. Diga-se de passagem, isso só foi possível graças a um trabalho fantástico do site Jota, que disponibilizou os arquivos dos processos no “Lava Jota”.

Tanto o jornal O Globo quanto os telejornais da emissora homônima vêm desde ontem dando seus títulos e chamadas relacionados a Paes com o gancho de que ele não teria tido vantagens pessoais decorrentes da Odebrecht. O ex-prefeito tem o mérito de ter composto uma competente equipe de imprensa ao longo de seus mandatos. Valendo-se de um vídeo do delator Benedicto Junior, onde ele dá afirmações neste sentido, emplacam os títulos como estes a que me referi.

Ponto 1: se o objetivo é mostrar que Paes não é um Sérgio Cabral, que brilhou pela bandas de Paris e afins com guardanapos na cabeça, é um bom caminho. Aliás, é esse rumo que muitos políticos estão tomando: foi só caixa 2, não teve benefício pessoal. Se colar, colou.

Ponto 2: Paes ainda terá muito o que explicar. Não é simples assim, não teve benefício pessoal e ponto. Para esclarecer um pouco melhor, recorro ao depoimento de outro executivo da empresa, Leandro Azevedo. Que tipo de vantagens para a Odebrecht ele relatou?

“Quando havia atrasos nos pagamentos (da prefeitura para a Odebrecht), eu procurava Eduardo Paes externando as nossas pendências e este se comprometia a falar com o secretário de Obras para resolvê-las, o que de fato, aconteceu com o restabelecimento dos pagamentos. Além disso, o meu acesso privilegiado, permitia que eu levasse a ele propostas de investimentos – PPPs (Parcerias Público-Privadas) – e discutisse sobre sua viabilidade. O Parque Olímpico foi uma destas propostas aceitas e implementadas”.

Ou seja, pelo relato de Azevedo, o Parque Olímpico, um dos principais legados dos Jogos, foi sugestão da Odebrecht.

Sobre a questão do Caixa 2, Azevedo é bastante incisivo. Só como exemplo, cito o caso das eleições de 2012, que culminaram na reeleição da Paes. Para manter a relação privilegiada com o ex-prefeito, o executivo conta que houve repasses num total de R$ 11,6 milhões e US$ 5,7 milhões. Este último valor foi para duas empresas no exterior, uma delas em Bahamas. Todo esse dinheiro envolvia o marqueteiro Renato Pereira, da Prole, e teria tido, segundo Azevedo, a participação direta do deputado Pedro Paulo nas negociações.

Enfim, é claro que ainda há muita água para rolar, mas é só para exemplificar que não vai ser tão fácil assim para as coisas serem devidamente esclarecidas.

Aguardemos os próximos capítulos.

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