TCU cobra quase R$ 200 mil da Mocidade por irregularidade no carnaval de 2006

Anunciado no meio da semana que precede a votação no plenário da Câmara do prosseguimento da denúncia contra Michel Temer e comemorado por deputados da bancada do PMDB fluminense como Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, o provável socorro federal ao carnaval do Rio precisa ser visto com cautela.

Explico. Só para se ter uma ideia, os cofres da União estão até este ano correndo atrás de um prejuízo dado pela Mocidade Independente no carnaval de 2006. Sim, do tempo em que Don Don jogava no Andaraí.

Em março passado, passados mais de dez anos, o Tribunal de Contas da União (TCU) cravou o selo de irregular em recursos destinados pelo Ministério da Cultura para a escola de Padre Miguel naquele desfile das antigas. Basicamente, foram detectados problemas como notas fiscais ilegíveis, sem data ou emitidas antes que se fosse atingido um limite mínimo de captação de recursos que liberava a agremiação para começar a gastar.

Jogo de empurra

O processo foi transcorrendo com um grande jogo de empurra entre diretores atuais e antigos da escola. Por exemplo: documentos pedidos pelo tribunal não eram encontrados.

Após tomada de contas, o TCU condenou o ex-presidente da Mocidade Paulo Vianna e a própria agremiação a pagarem R$ 189 mil. Vianna sozinho foi condenado a uma multa de mais R$ 60 mil.

A lentidão para que fosse detectada a irregularidade mostra que talvez a hora seja de cautela, num momento em que o dinheiro público parece tão escasso.

O corte demagogo de recursos da prefeitura do Rio para as escolas parece ter sido uma oportunidade desperdiçada de se discutir o que na realidade interessa. De que forma esse dinheiro é gasto? Essa é a pergunta.

Seja o recurso federal ou municipal, se for aplicado com responsabilidade e transparência, deve sim servir à festa mais emblemática do nosso país.

*Foto em destaque: Desfile da Mocidade Independente / Wigder Frota

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