Dados publicados nesta quarta (27), referentes à execução do orçamento de segurança pública no Estado do Rio em 2018, podem ajudar a explicar o crescente número de mortes por policiais, que atingiu um pico histórico no primeiro bimestre deste ano, com o registro de 305 casos, ou um a cada quatro horas e meia.
Os números mostram que três rubricas estratégicas para o aperfeiçoamento da tropa tiveram gastos ínfimos no ano passado. A previsão inicial de investimentos em tecnologia da informação, por exemplo, era de apenas R$ 5 mil. Na prática, o gasto efetivo foi zero. Com a formação de recursos humanos na área da segurança, a dotação inicial também não era das melhores: R$ 180,3 mil. No fim do ano, porém, o gasto também foi zero.
R$ 1283 em inteligência
Outro dado que vem se repetindo nos últimos anos é o baixo investimento em inteligência. Em 2018, o estado previu inicialmente gastar R$ 3,5 mil. Efetivamente, só empenhou (se comprometeu a pagar) R$ 1.283. Difícil imaginar até o que tenha sido feito com tanto dinheiro.
Por outro lado, para efeito de comparação, na área de segurança pública, o governo estadual empenhou, de janeiro a dezembro de 2018, R$ 18,6 milhões na rubrica transporte aéreo. O uso de aeronaves em operações policiais tem sido alvo constante de polêmica por expor a população a riscos. A polícia, porém, tem defendido a prática, alegando que é necessária em muitos momentos para o apoio de guarnições que estão em terra.
Ou seja, a área de segurança do estado investiu no ano passado cerca de 14 mil vezes mais em transporte aéreo do que em inteligência.
Gasto total de R$ 9,5 bi
Ao todo, foram empenhados pouco mais de R$ 9,5 bilhões em segurança em 2018. Desse valor, a maior parte foi destinada para a administração geral, basicamente o pagamento de servidores: R$ 8 bilhões, deixando pouca margem para investimentos. A segurança consumiu 14,31% do orçamento.
*Foto em destaque: Helicóptero da PM do Rio durante operação no Complexo do Alemão / Crédito: Agência Brasil