Impeachment de Crivella foi pedido por advogado de miliciano

O pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella, entregue nesta quinta (28) na Câmara dos Vereadores, foi assinado pelo advogado de um personagem que tem sido figura frequente nas manchetes policiais nos últimos tempos.

O criminalista Pablo Filipe Morais Soares de Andrade, que protocolou o documento no Legislativo carioca pedindo o impeachment, defende o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, em ações que tramitam no Tribunal de Justiça do Rio e no Superior Tribunal de Justiça.

Orlando chegou a ser apontado, em maio do ano passado, por um policial ligado a uma milicia como um dos participantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Transferido para um presídio no Rio Grande do Norte, ele afirmou ter sido coagido pela Divisão de Homicídios para assumir o crime. Um inquérito da Polícia Federal apura a denúncia feita pelo miliciano. Este mês, dois acusados do crime foram presos, mas ainda não se sabe quem foram os mandantes.

Cargo indicado por ex-deputado do MDB

Além de ser advogado criminal, Pablo Filipe de Andrade teve passagem recente pelo governo estadual. Em fevereiro de 2017, ele foi nomeado pelo então secretário de Cultura André Lazaroni, do MDB, para a presidência da Fundação de Artes do Estado do Rio (Funarj).

Em março de 2018, quando a pasta era gerida por Leandro Sampaio Monteiro, outro apadrinhado de Lazaroni, Pablo ganhou o cargo de subsecretário adjunto de Planejamento e Gestão. Lá, permaneceu até o dia 27 de dezembro.

André Lazaroni não conseguiu se reeleger como deputado estadual nas eleições do ano passado. Ainda assim, foi contemplado com a diretoria de informática da Assembleia Legislativa, onde permaneceu até esta semana. O ex-parlamentar pediu a própria exoneração.

Base do prefeito está rachada

Os detalhes que embasam o pedido de impeachment de Crivella serão divulgados no Diário Oficial da Câmara nesta sexta (29). Um dos principais pontos seria a compra de um terreno da Caixa, em Rio das Pedras, na Zona Oeste, sem licitação e sem a autorização dos vereadores.

O prefeito já havia sofrido outros dois pedidos desde que assumiu o cargo, em 2017, mas não houve sequência. Agora, com a base do governo rachada, Crivella deve encontrar mais dificuldade.

Esta semana, pela falta de apenas um voto, a Casa não aprovou uma mudança na Lei Orgânica do município que ampliava o prazo para eleições indiretas em caso de saída do chefe do Executivo.

A gestão Crivella também tem sido alvo de CPIs na Câmara. Uma delas, conforme já mostrado no blog, referente ao uso político da Comlurb, vem confirmando que veículos da empresa pública foram usados para levar funcionários a um evento de campanha do filho do prefeito e de outros candidatos de seu partido.

O evento ocorreu na quadra da escola de samba Estácio de Sá, em setembro do ano passado, e já gerou multa por parte do TRE aos envolvidos.

*Foto em destaque: Prefeito Marcelo Crivella concede entrevista coletiva / Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

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