Suspeitas de coronavírus já provocam afastamentos de Policiais Militares no RJ

Com o avanço do coronavírus no estado, começam a surgir casos de afastamentos de policiais militares com sintomas da doença no Estado do Rio de Janeiro. A corporação ainda não tem um balanço consolidado dessas licenças médicas, mas um levantamento feito pelo blog no Sistema Eletrônico de Informações (SEI-RJ) mostra que, entre os dias 16 de 20 de março, houve pelo menos 18 registros de suspeitas.

Os documentos não trazem nenhum caso confirmado da doença. Há atestados médicos de unidades públicas e particulares, que falam em sintomas semelhantes aos de coronavírus, e recomendam o afastamento do serviço. Após a homologação interna, a corporação está adotando como padrão uma licença de sete dias. Então, o policial militar deve passar por uma reavaliação para saber se continua fora das ruas.

Na última quinta (19), a Diretoria Geral de Saúde da PM publicou um documento interno com uma série de ações de planejamento relacionadas ao COVID-19. A ideia é que passem a ser consolidados diariamente todos os casos de pacientes atendidos e afastados com suspeita da doença. Um Centro de Monitoramento Epidemiológico foi criado para este controle.

Suspeita após cruzeiro

Os 18 casos de afastamento de PMs por suspeita de coronavírus localizados pelo blog estão espalhados por batalhões das zonas Sul, Oeste e Norte da capital; Costa Verde; Região dos Lagos; Santo Antônio de Pádua, além dos batalhões de Rondas Especiais e Controle de Multidão e de Polícia Rodoviária.

Na Região dos Lagos, um sargento, um cabo e uma soldado lotados em Arraial do Cabo foram colocados de quarentena com sintomas de gripe, tendo o agravante de que a soldado esteve num cruzeiro marítimo em que houve um caso confirmado de COVID-19.

Questionada sobre a possibilidade de redução na tropa por afastamentos decorrentes de suspeitas da doença, a assessoria de imprensa da PM afirmou que tem um “planejamento feito para suprir quaisquer tipos de necessidade”.

Atestados sem padrão

É curioso notar como há uma falta de padrão nos atestados médicos dados aos policiais nas unidades públicas e particulares onde eles foram atendidos. Apesar de a maioria dos 18 casos ter recomendações de afastamento por 14 dias, há casos de 5, 7, 9, 10 e 11 dias.

Este ofício mostra um relato de um segundo sargento do 33º BPM (Angra) atendido por um médico de numa unidade pública de Saúde local, que recomendou apenas cinco dias de repouso, e informou não haver testes suficientes para a checagem de coronavírus.

Independentemente dos atestados dados inicialmente por médicos civis, a PM padronizou em sete dias a licença inicial dos policiais da ativa, sendo reavaliada após este período. Profissionais de Saúde da corporação que apresentem sintomas terão uma licença inicial de cinco dias e serão testados para o COVID-19.

Convocação de dentistas

Para evitar sobrecarga no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), a Diretoria de Saúde da corporação está descentralizando os atendimentos relacionados a suspeitas de coronavírus também para o Hospital da PM de Niterói e policlínicas.

No HCPM, há a orientação para que sejam convocados profissionais de odontologia que estão com suas atividades ambulatoriais suspensas para que colaborem em ações de controle epidemiológico.

Além da suspensão de cirurgias eletivas, a orientação é que sejam realizados exames já marcados somente para o mês de março. Ainda assim, a corporação deverá entrar em contato com o paciente para avaliar a urgência do procedimento. A partir de abril, só serão realizados exames emergenciais e aqueles ligados a pacientes oncológicos e imunossuprimidos.

As férias dos profissionais de Saúde da PM estarão suspensas a partir de abril.

Isolamento sanitário

Os policiais têm estado na linha de frente de medidas tomadas pelo governo do Rio para ampliar o isolamento social e conter o avanço do coronavírus.

O planejamento cobre todo o estado, mas, num primeiro momento, o foco principal é a formação de um cordão de isolamento sanitário na capital. Estão sendo realizadas barreiras de contenção para controlar o acesso em 14 estações da SuperVia, na Zona Norte, em municípios da Baixada, em três estações do metrô e nas estações da barcas.

Nos casos de desobediência, segundo a assessoria de imprensa da PM, “os policiais atuarão de acordo com o protocolo interno da corporação, que estabelece o uso progressivo da força”.

*Imagem em destaque: Carro da PM em patrulhamento na Zona Oeste do Rio / Reprodução / Polícia Militar

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