Em nota enviada à imprensa nesta terça (22), o senador eleito Flávio Bolsonaro se exime de qualquer relação mais profunda com o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, um dos alvos da operação deflagrada pela polícia e pelo Ministério Público para desmantelar a milícia que foi apelidada de “Escritório do Crime”. Mas ainda há muita água para rolar.
Ao se referir ao fato de ter empregado na Alerj a mãe de Adriano (Raimunda Veras Magalhães) até novembro passado, Bolsonaro coloca a responsabilidade sobre as costas do (sempre ele) ex-assessor Fabrício Queiroz. Ela é uma das ex-funcionárias que aparecem no relatório do Coaf como tendo repassado dinheiro a Queiroz.
“A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão”, afirmou o senador eleito.
Além de Raimunda, a mulher de Adriano (Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega) foi outra a ter cargo no gabinete de Bolsonaro. O parlamentar ainda deu não só uma moção como também a Medalha Tiradentes ao ex-capitão, formado nas fileiras do Bope.
“Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens”, comentou o senador eleito.
Segurança da contravenção
Acrescento mais um pequeno detalhe na história. Em 7 de janeiro de 2014, foi publicada em Diário Oficial a demissão do então capitão Adriano da corporação, junto com o tenente João André Martins Ferreira. O ato teve como base uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio, que considerou procedentes as acusações de que a dupla fazia segurança para o contraventor José Luiz de Barros Lopes, o “Zé Personal”, morto em 2011. Anteriormente, o Conselho de Justificação, órgão interno da PM, havia considerado que os dois poderiam continuar na ativa.
Em março de 2016, o ex-tenente foi morto a tiros na Ilha do Governador. A notícia foi veiculada em diversos veículos de imprensa e repercutiu em posts do Facebook. Apesar de o caso ser antigo, há pouco menos de dois meses, Cristianne Martins, viúva de João André, defendeu o marido num desses posts. E citou o senador eleito Flávio Bolsonaro:
“Inclusive pergunte ao Flávio Bolsonaro sobre quem era o tenente João e cap Adriano, já que está acompanhada do mesmo na sua página, ele o conhecia bem!”, disse no diálogo na página de uma jornalista.

No acórdão da Justiça que culminou com a demissão dos policiais, de julho de 2013, a relatora cita uma ficha criminal de Adriano à época “com quatro anotações pela prática dos crimes de homicídio, formação de quadrilha e extorsão mediante sequestro”.
Resta saber nos próximos capítulos até onde Flávio Bolsonaro “conhecia bem” o ex-PM. Tomara que tudo se esclareça.
(Foto em destaque: Luis Gustavo/Divulgação Alerj)
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