Não bastasse ter nomeado duas “potenciais laranjas” – mulheres suspeitas de terem sido usadas por partidos apenas para cumprir a cota de recursos para candidaturas femininas -, o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Felipe Bornier, também contemplou com um cargo na pasta uma ex-funcionária de seu pai, o ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier, que foi denunciada, no início deste ano, por suprimir ilegalmente centenas de documentos públicos do município.
A nomeação de Georgeta de Souza como assessora da Secretaria de Esporte foi publicada em Diário Oficial no dia 16 de janeiro, valendo retroativamente para o dia 1º, ou seja, desde o início do novo governo, de Wilson Witzel. Um dia depois que Georgeta ganhou o cargo, o juiz Francisco Emilio de Carvalho Posada, da 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, acatou a denúncia do Ministério Público contra ela, Nelson Bornier e outro ex-funcionário da prefeitura do município da Baixada Fluminense.
O Ministério Público alega que, entre 2013 e 2016, o ex-prefeito de Nova Iguaçu levou, com a ajuda de Georgeta, 549 documentos públicos para um galpão de sua propriedade no município. Se condenada, ela está sujeita a uma pena de dois a seis anos de prisão.
Havia de tudo: extratos de convênios, contratos, documentos imobiliários e até um ofício, de 2014, para a prefeitura do Rio, solicitando que Bornier e outros quatro familiares pudessem ganhar credenciais para assistir aos desfiles das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí.
Segundo o relato que embasa a denúncia, os promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) encontraram Georgeta no galpão, no dia das diligências de busca e apreensão. Lá, ela afirmou:

A suspeita do Ministério Público é que esses documentos tenham sido suprimidos para dificultar investigações envolvendo possíveis fraudes. No mesmo galpão, ainda foram encontradas nove torres de observação policial, que haviam sido doadas pela iniciativa privada para a prefeitura de Nova Iguaçu, e até grampeadores de mesa com as placas de patrimônio do município. Neste caso, foram denunciados Bornier e seu ex-secretário de Defesa Civil e Ordem Pública Luiz Antunes dos Santos.
Mais três nomeados
Também durante as diligências do MP, foram encontrados no galpão outras três pessoas que, à época, estavam lotadas no gabinete de Felipe Bornier na Câmara dos Deputados: Abilio Henriques Quintal, Jocinei Santos da Costa e Elisangela Ramos Pereira. No entanto, eles não foram denunciados à Justiça. Atualmente, Abilio e Jocinei têm cargos na Suderj – órgão subordinado à pasta de Esporte – e Elisangela é assessora na secretaria.
O processo segue correndo na Justiça, estando atualmente em fase de citação dos acusados. O blog está sempre aberto para que os citados se manifestem.
Nesta terça (26), a coluna Radar, da Veja, informou que Witzel pretende anunciar um pacote anticorrupção após o carnaval.
*Foto em destaque: O atual secretário de Esporte Felipe Bornier, ainda quando era deputado federal, no ano passado / Crédito: Will Shutter / Câmara dos Deputados