Era época de carnaval, em 2018, quando o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, embarcou com uma comitiva para uma viagem a três países da Europa: Alemanha, Áustria e Suécia, ao custo total de cerca de R$ 130 mil para os cofres públicos. Num vídeo – retirado posteriormente de sua página do Facebook -, ele disse que, apesar de estar “frio pra chuchu”, tinha ido à Agência Espacial Europeia para buscar mais informações sobre o uso de drones no apoio à segurança pública da cidade.
O tempo passou, e, em junho do ano passado, com direito a óculos 3D e toda a imprensa carioca presente no Palácio da Cidade, o prefeito anunciou que o projeto seria enfim colocado em prática. Batizado de Sentinela Carioca, a promessa era de que começasse a vigiar as ruas do Rio até dezembro do ano passado. Mas as aeronaves não decolaram.
Treinamento sem ter drone
Nesta terça (19), foi publicado o resultado da licitação lançada em janeiro, que teve um resultado inusitado. Em dois lotes, a compra das aeronaves foi cancelada por causa da reprovação dos drones oferecidos pela empresa Pirâmide Tecnologias, que ofereceu o menor valor. Um outro lote não teve interessados. Em compensação, a prefeitura comprou da própria Pirâmide, por R$ 25,8 mil, o treinamento para o manuseio dos equipamentos. Ou seja, agora, a prefeitura tem aulas de como dirigir um drone, mas não tem drone.
Apesar de Crivella ter ido à Europa fazer suas pesquisas, a empresa que venceu a licitação do treinamento é de Fortaleza, no Ceará. O blog entrou em contato com a diretora executiva da firma, Loah Frota, que explicou por que não conseguiu fornecer as aeronaves à prefeitura do Rio:
“Os equipamentos que eles pediram foram descontinuados. Não são mais produzidos. De qualquer forma, poderemos oferecer as aulas com os nossos drones que temos para demonstração”.
Segundo Loah, essas aeronaves pedidas pela prefeitura eram fornecidas não por uma empresa europeia, mas pela chinesa DJI, gigante do setor, e revendidas aqui no Brasil. Até conseguem ser encontradas no mercado atualmente, mas não são mais fabricadas.
Agora, é esperar uma nova licitação para ver se enfim sai a decolagem.
*Foto em destaque: De óculos 3D, Marcelo Crivella lança projeto de drones no Palácio da Cidade, em junho de 2018 / Crédito: Tânia Rego/Agência Brasil