Peça com ‘sangue’ em imagem de Bolsonaro gera reação na Alerj

A cena de uma peça que está em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim, na Zona Sul do Rio, está causando uma polêmica que já extrapolou as redes sociais e chegou na Assembleia Legislativa. Em imagens divulgadas da peça “O cavaleiro amarelo”, atores e pessoas da plateia aparecem arremessando balões com tinta vermelha num quadro com a imagem do presidente Jair Bolsonaro e a inscrição “Ele não”.

Nesta terça (2), o deputado estadual Rodrigo Amorim, do PSL, partido do presidente, gravou um vídeo em sua página do Instagram classificando as imagens, divulgadas na página Teatroemcena, como um “espetáculo dos horrores”. Amorim afirmou que acionou o secretário estadual de Cultura, Ruan Fernandes Lira, que teria se comprometido a iniciar uma sindicância para “apurar todos os envolvidos”.

“Não estava prevista essa manifestação política dentro de um equipamento do Estado e que nós refutamos”, comentou Amorim, deputado que tem um pedaço da placa rasgada em homenagem à Marielle Franco em seu gabinete na Alerj.

Além de Amorim, outro deputado do PSL, Alexandre Knoploch, também protestou contra a cena da peça.

Medidas de precaução ainda em estudo

O blog entrou em contato com a assessoria de imprensa do espetáculo, cuja temporada vai até este domingo, que afirmou ainda estar analisando as medidas de precaução em relação a possíveis medidas contrárias à continuidade das apresentações.

A peça começou a ser encenada em 15 de março e tem como proposta um retrato didático da convivência com o HIV. A referência a Bolsonaro se dá num contexto de retrocessos com a chegada do ex-deputado à presidência. Não só os atores como a plateia podem jogar os balões com líquido que simula sangue na imagem do presidente.

Contra os estigmas do HIV

O espetáculo é dirigido por Ricardo Rocha, bacharelando em Direção Teatral pela UniRio e professor da Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna.

“A metáfora neste espetáculo está subjetivamente associada à ignorância, que é capaz de matar muito mais do que qualquer vírus. Hoje o Brasil é referência no tratamento de HIV através das políticas públicas gratuitas, e conseguimos exportar nossos métodos de tratamento e gerenciamento para o mundo. Ao lado da França e da África do Sul, compomos o tripé que possui tratamento gratuito para HIV e Aids. Os estigmas são muitos e precisamos combatê-los, impedindo que esse cavaleiro amarelo da ignorância continue levando mais vidas”, definiu, no release de divulgação do espetáculo.

O texto da peça é de Felipe Pedrini, um dos vencedores do Edital Novos Talentos 2018 promovido pelo Firjan / SESI Cultural. O Grupo Pela Vidda, que completa 30 anos em 2019, é parceiro do espetáculo.

Havendo novos posicionamentos dos envolvidos, o texto será atualizado.

*Imagem em destaque: Atores e plateia jogam balões com tinta vermelha em imagem de Bolsonaro / Crédito: Reprodução / Instagram – Teatroemcena

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