Nada menos do que R$ 73.559 líquidos (ou R$ 79.126 brutos) foi o valor que constou, em fevereiro deste ano, no contracheque da subsecretária municipal de Fazenda do Rio, Maria Elisa Dutra da Silva Werneck Martins.
A fiscal da prefeitura foi citada no pedido de impeachment do prefeito Marcelo Crivella, que começou a tramitar nesta terça (2), na Câmara dos Vereadores, como uma das supostas responsáveis por irregularidades envolvendo a renovação de um contrato de concessão de mobiliário urbano.
“Canetada” para nomeação
O pedido de impeachment foi elaborado por outro fiscal da prefeitura, Fernando Lyra Reis, que afirma ser próxima a relação entre Crivella e a servidora. Segundo ele, com uma “canetada”, em maio de 2018, o prefeito criou para Maria Elisa o cargo de subsecretária de Patrimônio Imobiliário. Antes, ela era superintendente.
Fernando questiona a manobra de Crivella, afirmando que a criação do cargo teria que ter passado por aprovação da Câmara dos Vereadores. Ele ainda afirma que, em janeiro deste ano, foi criado um novo órgão para acomodar Maria Elisa: a Subsecretaria de Licenciamento, Fiscalização e Controle Urbano.
Este órgão, segundo Fernando, seria exatamente o responsável pela fiscalização do mobiliário urbano. Entre as empresas que teriam de ser fiscalizadas estão a JCDecaux e a OOH Clear Channel, apontadas no pedido de impeachment como beneficiadas de uma renovação de contrato, supostamente de forma irregular, com a prefeitura.
Em 3 meses, R$ 168 mil na conta
O blog levantou na página da prefeitura que Maria Elisa somou nos três primeiros meses deste ano nada menos do que R$ 211 mil em vencimentos brutos. Em valores líquidos, o total foi de R$ 168 mil.
Mesmo antes da promoção em maio do ano passado, em que passou de um cargo comissionado DAS-9 para DAS-10a, Maria Elisa já tinha um alto salário. Em abril de 2018, por exemplo, recebeu R$ 34,6 mil líquidos.
No pedido de impeachment, Fernando Reis cita Maria Elisa como a responsável pela renovação de um contrato de concessão de mobiliário urbano assinado na década de 1990 e que, segundo ele, não previa a possibilidade de continuidade.
O fiscal também lista dezenas de autos de infração aplicados às empresas, mas que efetivamente nunca foram pagos. Ao citar as promoções recebidas por Maria Elisa na gestão Crivella, ele diz:
“A própria ciência já havia percebido o fato de uma mentira puxar a outra, em uma pesquisa intitulada ‘O cérebro se adapta à desonestidade’, realizado pelo Departamento de Psicologia Experimental da University College London”
Moção de vereador do MDB
Autor do pedido de impeachment, Fernando Reis também é acupunturista. Em 2016, ele recebeu uma moção do vereador Rafael Aloisio Freitas, do MDB, um dos que votaram a favor do início da tramitação do impeachment nesta terça.
O pedido foi aprovado por 35 votos a favor e 14 contra. Foi criada uma comissão formada por três vereadores – dois deles da base do governo -, que terá 90 dias para analisar as denúncias e apresentar um parecer. Até o tema voltar a plenário, Crivella continuará no cargo.
*Foto em destaque: Prefeito Marcelo Crivella em entrevista coletiva / Crédito: Tânia Rego / Agência Brasil
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