Enquanto se fala muito sobre a aplicação de carvão ativado para melhorar a qualidade da água distribuída pelo Reservatório do Guandu, a Cedae articula a compra de 273 toneladas de um tipo de argila utilizada para conter a proliferação de cianobactérias. O produto, chamado Phoslock, é comercializado no Brasil pela Hydroscience Consultoria Ambiental, com sede no Rio Grande do Sul.
De acordo com a proposta comercial enviada este mês pela empresa à Cedae, o custo do tratamento seria de R$ 5,594 milhões. A aplicação da argila seria feita em três etapas. A primeira, dez dias após a assinatura do contrato. As outras duas, num prazo de 30 e 60 dias.
No último dia 9, o presidente da Cedae, Hélio Cabral Moreira, enviou ofício ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) pedindo autorização para a aplicação do produto no Rio Guandu “em caráter de urgência”.
“Ressaltamos que esta é uma medida emergencial com intuito de combater a proliferação de cianobactérias, produtoras da substância Geosmina, que não permite que a água fique insípida e inodora”, afirmou Moreira.

Inea dá aval
Em resposta à demanda da Cedae, o diretor de Segurança Hídrica e Qualidade Ambiental do Inea, Helio Vanderlei Coelho Filho, afirmou, em ofício, não ter restrições ao uso do produto, desde que sejam cumpridas algumas condições:
“Fica autorizada a utilização do Phoslock na lagoa de acumulação à montante da captação da Estação de Tratamento do Guandu, condicionada ao envio pela Cedae de ensaio piloto com a utilização do produto e apresentação de relatório consolidado do referido ensaio ao Inea, assinado por responsável técnico e incluindo monitoramento dos parâmetros físico-químicos e ecotoxicológicos atestando a segurança ao meio ambiente e à saúde humana”.
Na proposta comercial enviada à Cedae, a Hydroscience apresenta o Phoslock como “uma argila ionicamente modificada capaz de reduzir o estoque de fósforo em ambientes aquáticos eutrofizados por meio da adsorção de íons de ortofosfato, principal nutriente responsável pelo crescimento excessivo do fitoplâncton e dominância de cianobactérias”.
BH e Salvador
O site da empresa traz casos de aplicação do produtos em cinco cidades brasileiras: Belo Horizonte (recuperação da Lagoa da Pampulha); Salvador (Reservatório Joanes); Santa Cruz do Sul (RS) (Lago Dourado); Imbé (RS) (Lago do Ceclimar) e um caso de um lago ornamental em Caxias do Sul (RS).
No exterior, segundo a Hydroscience, o Phoslock foi utilizado para a recuperação do Lago Serpentine para as Olimpíadas de Londres, além de casos na Alemanha, Escócia e Estados Unidos. O produto foi desenvolvido na Austrália e é produzido atualmente na China.
O custo das 273 toneladas do produto para a Cedae foi orçado em R$ 5,3 milhões. O valor final, porém, é de R$ 5,594 milhões porque leva em conta ainda a aplicação do Phoslock. É utilizada uma embarcação específica para a dispersão na área desejada.
*Foto em destaque: Embarcação faz a aplicação da argila / Reprodução / Facebook
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