Um decreto publicado nesta quinta (12) pelo governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, determinou o retorno em até 48 horas para os quartéis de 538 bombeiros que estão cedidos para outros órgãos.
A medida foi justificada pelo “grande déficit do efetivo, que tem prejudicado o desenvolvimento das atividades das unidades”. Castro também lembrou que não há perspectiva, em curto prazo, para a recomposição dos quadros da corporação.
A decisão deve causar reações principalmente pelo impacto na Secretaria estadual de Saúde. No anexo do decreto, foram listados os nomes de nada menos do que 282 bombeiros que estão cedidos para a pasta.
Entre eles, estão servidores que ocupam cargos comissionados em funções importantes. O coronel Carlos Alberto Simas Júnior é o atual subsecretário de Regulação e Unidades Próprias. Também coronel, Walter Neno Rosa Neto é superintendente de Licitações da Subsecretaria Executiva de Saúde.
Casa Civil e Alerj
Entre os bombeiros que estão cedidos para a Secretaria de Saúde, a patente que mais aparece é a de capitão, com 99 nomes. Na outra ponta, há apenas dois cabos que estão subordinados à pasta.
Depois da Saúde, a Secretaria da Casa Civil é o órgão com maior número de bombeiros: 49. Em seguida vem a Assembleia Legislativa (Alerj), com 42 profissionais. Depois, aparecem o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo estadual (18); o Tribunal de Justiça (17); a Procuradoria-Geral do Estado (16) e o Tribunal de Contas do Estado (14).
De acordo com o decreto, quem não comparecer nas próximas 48 horas para assumir o serviço determinado pelo Comando-Geral da corporação estará sujeito a sanções administrativas.
Curiosamente, o atual secretário da Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Leandro Monteiro Sampaio, não faz muito tempo também estava cedido a outro órgão.
Apadrinhado do ex-deputado e atual secretário estadual de Governo, André Lazaroni, Leandro foi subsecretário de Planejamento de Cultura em 2017, quando o titular da pasta era Lazaroni. Em seguida, em 2018, Leandro chegou a assumir o próprio comando da Secretaria de Cultura.
*Foto em destaque: Veículos do Corpo de Bombeiros / Divulgação / Carlos Magno / Governo do Estado do RIo
Tribunal de Justiça, Alerj, Ministério Público, Tribunal de Contas… estão cheios, mas com muitos (mesmo) policiais e bombeiros cedidos.
Eles saem das ruas e dos batalhões onde cumpriam suas funções para atividades burocráticas de “inteligência” analisando imagens do Google Mapas, notícias e montar estatísticas de vulnerabilidade dos prédios das sedes e da segurança dos membros destes órgãos, quando deveria, na realidade, estes órgãos contratarem serviços privados ou promover a especialização de seus próprios servidores junto as polícias.
As relações estabelecidas exageradamente tem consequência disso talvez até vazamento de informações para as milícias ou mesmo prejudicar as atividades do órgão onde se encontra cedido (por exemplo: colocando policial para fiscalizar contrato de segurança patrimonial, de brigada de incêndio etc).