Mulher de desembargador federal ganha cargo no governo Witzel

A Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Relações Institucionais nomeou no dia 19 de agosto Mariana Balaciano para exercer um cargo de assessora na pasta. Ela é mulher do desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) Marcus Abraham e exercerá pela primeira vez uma função no Executivo fluminense.

Abraham é conhecido de longa data do governador Wilson Witzel, que foi juiz federal na 2ª Região desde o concurso em que passou, em 2001, até março do ano passado, quando deixou a magistratura e se filiou ao PSC para disputar o governo do estado. O desembargador, por sua vez, exerce a função desde outubro de 2012. Anteriormente, ele era procurador da Fazenda Nacional.

Em uma reportagem publicada pela revista do TRF-2 no dia de sua posse no tribunal, Abraham aparece com a então noiva Mariana Balaciano. Em 2013, os dois se casaram.

Participações em entidade de juízes

Na página profissional do desembargador federal no Facebook, uma das fotos que estão em destaque foi publicada em junho de 2017. O magistrado aparece ao lado de Witzel durante o lançamento do livro “Jurisprudência Tributária Vinculante”.

O atual governador e o desembargador também têm em comum a relação com a Associação dos Juízes Federais do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Ajuferjes). Quando exercia a magistratura, Witzel foi presidente, diretor cultural e membro do conselho fiscal da entidade. Já Abraham, segundo o currículo disponível no site do TRF-2, é membro do Conselho Editorial da Ajuferjes.

“Requisitos necessários”

Tanto o TRF-2 quanto a Secretaria de Desenvolvimento Econômico negaram, em nota, que a nomeação de Mariana tenha tido influência de Marcus Abraham. Ambos destacaram a competência profissional da mulher do desembargador.

“O desembargador federal Marcus Abraham responde que não houve qualquer influência pessoal do magistrado na citada nomeação. Ele acrescenta que Mariana Balaciano é pós-graduada em Direito Tributário e o processo seletivo era exatamente para a área de incentivos fiscais onde ela atua”, afirmou o TRF-2.

Já a secretaria disse que “os processos de contratação são realizados mediante análise curricular, de acordo com o perfil da vaga em aberto, a partir dos currículos encaminhados para o e-mail vagas@desenvolvimento.rj.gov.br, divulgado em rede oficial”.

E acrescentou que “a funcionária em questão foi recrutada em processo de seleção que incluiu triagem de currículos e entrevistas, tendo demonstrado preencher todos os requisitos necessários para o desempenho da função”.

Cargo para irmã de Bretas

Em pouco mais de seis meses de gestão, esta não é a primeira vez em que um parente de um magistrado federal é nomeado no governo do ex-juiz Wilson Witzel. Em abril, o blog mostrou que Marcilene Cristina Bretas Santana foi agraciada com um cargo de assessora da Controladoria Geral do Estado (CGE). Ela é irmã de Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e amigo do governador.

À época, a CGE afirmou que Marcilene, advogada e consultora jurídica, “foi nomeada após ter enviado seu currículo para participar de processo seletivo para a área de Assessoria Jurídica, que analisou cerca de 800 currículos”.

*Foto em destaque: Marcus Abraham e Wilson Witzel, em lançamento de livro / Reprodução / Facebook

2 comentários

  1. Na verdade essa gente pratica o chamado nepotismo cruzado (ainda que parcialmente e digam que não) – tudo entre amigos! Digo: Família.

  2. Às vezes o amigo/familiar nem está num cargo público, mas ocupando um posto terceirizado, preenchido por QI (quem indica), mandando para o inferno os princípios da impessoalidade e moralidade na Administração Pública.

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